Devaneio
Já se passou tanto tempo, nem sei mais. E novamente me encontro aqui, sozinha, imersa em meus pensamentos. Sentada no topo de uma muralha de rocha que separa as montanhas do vale, lá embaixo podia-se ver a constelação de luzes que as casas formavam ao cair da noite. Ao olhar para o horizonte, era possível vê-las se encontrando com o céu estrelado. Mas hoje, uma noite escura me assombra. A lua e as estrelas se escondem entre as nuvens, impiedosa madrugada que me digere como um alimento. Ruminava pelas minhas ilusões e agruras de uma vida passada. Um velho amanhecer que nunca se renovará. Essa é uma rotina circular que não mais me pertence. Sonhos que foram mastigados pelos dias e regurgitados nas madrugadas. Mais uma vez estou aqui à observar a vida lá embaixo, é sempre a mesma história, esta da qual eles não vivem, apenas sobrevivem. Onde falam de amor e não há amor, nem troca de favores. Por que eu estou querendo o amanhecer? O mundo anda tão pequeno e vazio.
Ah! Se eu pudesse lhes dizer...Não esqueçam os seus dias, continuem a se lembrar de seus sonhos pelas manhãs.