†
Eu não vivo no tempo em que vivem, os anos que compõem as eras, saltam sobre mim incontáveis. Quando há muitos entreguei-me ao torpor, fechei os olhos, indiferente. Eu não saberia mensurar há quanto tempo estou entre vós, observando suas manias, seus costumes, seus impérios, erguendo-se e ruindo-se, a sucessão de reprises... Tanto quanto a imortalidade, que vagueia à passos lentos no sentido do nada, buscando ao menor ruído exacerbar mixarias para justificar ou fazer passar o tempo que não mais lhes pertence. Ainda assim, entre os mortais e a sociedade dos amaldiçoados, há entre os primeiros, algo de proveitoso a sorver, senão o seu próprio Sangue. O mistério de morrer, e poder despedir-se deste mundo. Que não seja pretensiosa a prerrogativa de poder ou querer estar morto, com a subtração a condição da imortalidade, mas uma vida sem objetivos, é estar morto, ainda que vivo. - Luz