O Abraço da Necromante
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Ano de 1716, Alma Phipps de Salem, foi acusada por práticas de bruxaria. Em uma caçada para sua prisão, ela cai em uma emboscada, onde estes seriam os segundos a terem interesse sobre ela. Sem alternativas ela recebe ajuda para refugiar-se do outro lado do continente, e após longos meses de viagem chega em solo turco. Dias se passaram, sendo mantida em confinamento para enfim encontrar-se com o suposto homem que a "salvou" dos inquisidores. Ela recebe informações inéditas e importantes sobre suas visões. Ele conhecia todo seu passado, apresentando uma proposta irrecusável de vida eterna, poder e paixões.
Seu salvador apaixonou-se por sua trajetória de vida e também muito especialmente pela sua faculdade de contatar os espíritos.
Luz, é como ele se chamava, tinha carisma pela mulher que, através de seus contatos espalhados pelo mundo, soube de certa notável garotinha que falava com os mortos. Desde então, ela vem sendo observada até que pudesse atingir a fase adulta. Porém, antes do tempo previsto, as coisas foram ficando mais complicadas para ela. Até que prematuramente, tivera que ser capturada, ou eles a matariam.
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Alma: - ... Depois do que já me fizeram, isso é o que menos me importa! O que mais teria de temer?! *exclamou ela para o seu salvador-raptor*
Luz Cappadocius: - Não há o que temer por agora, haverá de renascer. E este outro ser que serás, esse sim você há de temer, pois não poderá controlá-lo tão facilmente.
Alma: - Os teus ensinamentos não são falhos, recebi-os nos anos em que estive aqui. Sei que pode ser difícil, mas terei você ao meu lado.
Luz Cappadocius: - Guiei-a até aqui... Meu desejo é protege-la de fato, e esta é a única coisa que tenho...
Luz Cappadocius: - Você não verá o mundo como vê agora. Ainda que possa dizer-te como será, cada um vive com o peso que carrega. E este é muito pior que as chagas que ganhamos na vida.
Alma: - Então apenas deixe-me ficar aqui, em teus braços!
*Luz franze a testa, voltando seu olhar para o horizonte ao perceber que ela realmente não compreendia o que ele dizia. Mas também, ponderava ao perceber que poderia estar pondo em risco sua prole. Após uma pausa ele interpõe-se*
Luz Cappadocius: - Tornamo-nos feras indomáveis, bestas sedentas por sangue e o nosso alimento é aquele que um dia chamamos de irmãos. Aquilo que um dia foi parte de nós. Ainda vai demorar para que você domine a besta, isso se ela não dominar você. E só então, alcançar um estágio mais confortável, e poder centrar em seus desígnios. Terás que travar muitas guerras consigo mesma...
Alma: - Irmãos? Meus irmãos, se é assim que posso chama-los, me traíram. Entregaram minha mãe para a corte, e desde então muito sangue foi derramado. Minha pele, minha alma, já estão manchadas.
Luz Cappadocius: - As coisas serão muito diferentes agora Alma *ele a interrompe fazendo esforço em acompanhar corretamente a língua da americana, com certo sotaque turco*, há algo que precisa saber...
Luz Cappadocius: - Eu sou um peão de Deus, de meu senhor, e os abaixo de mim peões que sustentam a Jyhad. E assim os jogos prevalecem. Entre os que se beneficiam com isso, entre os que lutam para mudar, e os que tentam permanecer indiferentes.
Luz Cappadocius: - Mas tu! Não, minha amada. Não permitirei que seja festim para os coiotes. Não permitirei que tua fraqueza humana te amedronte.
Alma: - Eu sei que você não me deixará desamparada em nenhum momento.
Luz Cappadocius: - Juntos seremos um. E as peças inúteis devem ser tiradas do tabuleiro.
*Luz aproxima-se e passa a mão no rosto de sua amada, segura seu queixo*
*Alma fecha seus olhos com um leve sorriso nos lábios e suspira suavemente*
Alma: - Como é bom sentir seu toque. Eu sabia que não estava enganada a respeito do que eu sentia desde o início por você.
*Luz recolhe ela em seus braços roubando-lhe um beijo*
*Alma recebe abraço sem questionar, rendida, seus braços entrelaçando o pescoço de Luz, dançando com a morte, fazendo juntar ainda mais seus corpos*
*Luz faz sentir nitidamente os batimentos cardíacos de Alma naquele abraço*
Alma: - Depois tanto sofrimento durante anos, muito tempo em que não me sentia assim, em paz. Já não sabia mais o que era ter um pouco de tranquilidade. Você me proporcionou isso desde quando aqui cheguei para me hospedar. Deu-me as melhores comidas, o melhor vinho e o meu último por do sol. Obrigada!
Luz Cappadocius: - Eu quero que saiba que não terás paz, e que se foi perseguida pelas lâminas da Santa Inquisição, serás perseguida pela espada de Caim.
Luz Cappadocius: - Mas nós podemos fazer eclodir o nosso pequeno universo. Onde nele podemos ser quem um dia sonhamos.
Luz Cappadocius: - Venha...
*Luz segura as mãos de Alma. Onde seguem juntos, subindo lentamente as escadas para o altar. Ele segura sua amada pelos braços, logo após pegando-a pelo colo, olhando fixamente em seus olhos. O semblante do vampiro é de pesar, ele não está certo que quer fazer isso. E ele a deita delicadamente na pedra de Nero Marquina. Debruça-se e acaricia seu rosto com afeto. Aqueles são os últimos momentos de vida dela*
*Alma fixa seu olhar nos olhos de seu amado enquanto ele a deita na pedra. Seus braços que estavam envolvidos em seu pescoço, e vão se afastando lentamente do corpo dele. A respiração de Alma acelera, sentindo-se nervosa. Envolve a nuca do vampiro com a mão acariciando-o com um leve sorriso em seus lábios. E uma pequena lágrima desponta de seus olhos*
*Ele aproxima seus lábios dos de sua amada e os sela apertando os olhos. Luz chora. Sabe que sua atitude pode colocar em risco sua prole, lembrando de um dos Mandamentos de Caim que diz sobre não abraçar por amor*
*Alma retribui o beijo carinhosamente. *
*Com os olhos fixados ao de sua amada e um olhar languido, imperceptívelmente, ele pega um punhal afiado sob a mesa de ritual...*
*Alma fecha os olhos*
Luz Cappadocius: -- Shhh...
| Alma Phipps, Abraçada em 1718.