Lealdade (Realizada em: 12/05/16)
O que é lealdade? Segundo o dicionário lealdade é respeito aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade.
Lealdade é uma virtude composta por valores existentes em cada ser humano, mas nem todo ser tem intrínseca essa virtude. A palavra Lealdade tem origem no termo “legalis”, que em latim remete o conceito de lei. Inicialmente esta palavra designava alguém em quem era possível confiar e que cumpria as suas obrigações legais, ou seja, alguém que não falha com seus compromissos, demonstrando responsabilidade, honestidade, retidão, honra e decência. Uma pessoa leal é alguém que é fiel e dedicado, e sempre cumpre as suas promessas.
Deslealdade é exatamente o seu contrário é a traição, a falta de amor e consideração ao próximo. Falta de princípios morais e de caráter.
Mas lealdade é o mesmo que Fidelidade?
Na maior parte dos casos, lealdade e fidelidade são vistos como sinônimos. No entanto, alguns autores afirmam que a lealdade e fidelidade são conceitos distintos, indicando que a fidelidade faz parte da lealdade.
Várias pessoas acreditam que a lealdade corresponde à maturidade emocional, enquanto a fidelidade é fruto de uma vontade de cumprir tradições e normas estipuladas. A lealdade é uma questão de moral, e é uma das bases para um relacionamento saudável entre duas ou mais pessoas.
Assim, afirmam também que é possível ser fiel e não ser leal. Segundo Clovis Barros, professor e consultor de ética na Unesco, em uma palestra que assisti disse que, fidelidade será virtude quando não ferir conceitos morais, ou seja, vai depender a quê e a quem você é fiel. Que para ser fiel é imprescindível a possibilidade de ser infiel, pois a fidelidade pressupõe a liberdade de optar.
A lealdade é o cumprimento daquilo que exigem as leis da fidelidade e da honra. Um homem de bem deve ser leal a outras pessoas, a organizações como a empresa para a qual trabalha e à sua nação.
A lealdade é uma virtude que se desenvolve conscientemente e que implica cumprir com um compromisso ainda que seja perante circunstâncias constantemente em mudança ou adversas.
A deslealdade supõe a violação de um compromisso expresso. Por exemplo: um homem deve ser fiel à sua esposa. Não lhe mentir faz parte da lealdade. Se, em contrapartida, enganar a sua mulher, estará cometendo adultério e estará sendo desleal além de infiel.
Os trabalhadores, por outro lado, devem mostrar lealdade para com a sua empresa. Isto é importante no caso dos executivos que lidam com informação sigilosas. Um funcionário que não seja leal, pode facultar dados confidenciais à concorrência.
A lealdade a um Estado ou país costuma jurar-se com atos que envolvem a bandeira nacional. Através deste tipo de juramentos, as pessoas comprometem-se a defender a honra da sua pátria.
Fala-se de lealdade, por outro lado, para fazer referência à gratidão, ao companheirismo e ao amor que alguns animais são capazes de mostrar ao ser humano.
A fidelidade em suma é um valor, antes de qualquer coisa, porque tem a ver com a nossa liberdade de escolher como queremos viver e conviver. A fidelidade é valor que pressupõe uma relação entre o presente, instante em que vamos decidir o que fazer, e o passado. Isso é, aquilo que já fizemos, dissemos, prometemos, oferecemos em garantia. Toda fidelidade, portanto, tem uma referência no pretérito. Assim, ser fiel é servir-se do passado para deliberar sobre o presente; é não negar a própria história, a própria trajetória, as decisões de outrora.
As relações de confiança, que permeiam as relações e o tecido social, necessitam de uma fidelidade mínima com o já vivido. Ser fiel é condição de existência.
A seguir uma história bastante emocionante que se tornou um exemplo eterno de lealdade. É a história do cão Hachiko.
O famoso filme japonês Hachiko Monogatari de 1987, e o remake americano “Sempre ao Seu Lado” protagonizado pelo ator hollywoodiano Richard Gere, retrata a história de Hachiko, um cão da raça Akita, e sobre sua amizade e lealdade a seu dono. O mais comovente é saber que esse cão tão fiel realmente existiu e sua história se tornou tão popular que Hachiko ganhou até uma estátua feita em bronze em frente a estação de Shibuya, em Tóquio.
Hachiko foi um cão viveu por 12 anos no Japão. Um ano depois de seu nascimento em 10 de novembro de 1923 em Odate na província de Akita no Japão, ele foi trazido para Tóquio por seu proprietário, Hidesaburo Ueno era um professor da Universidade de Tóquio e se deslocava para o trabalho todos os dias de trem. Um dia Hachiko acompanhou seu dono até a estação e à partir desse dia, passou a acompanhá-lo todos os dias de manhã e à tarde, ele ia sozinho e esperava pacientemente seu dono para voltarem juntos para casa.
Assim foi a rotina do Dr. Hidesaburo Ueno e seu fiel companheiro até que em 25 de maio de 1925, quando Hachiko tinha 18 meses de idade, seu mestre não voltou. O cão esperou, como fazia todos os dias, às quatro horas da tarde, sem saber que seu mestre havia sofrido um derrame fatal e faleceu no local do trabalho.
Logo após a morte de seu mestre, Hachiko foi entregue aos familiares do professor para ser cuidado, mas Hachiko constantemente escapava e voltava para sua antiga casa para esperar o professor. Eventualmente, Hachiko percebeu que seu mestre já não morava lá e então retornou para a estação de trem. Passou a ir todos os dias, sempre com a esperança de encontrar seu dono, dentre os passageiros apressados que saiam da estação.
Os funcionários da estação ficaram sensibilizados com o gesto de devoção do cão e começaram a trazer petiscos e alimentos para Hachiko. Mas apesar da fama que ganhou, sua vida pouco mudou. Passaram-se dias, meses, anos, mesmo com sol, chuva, neve, lá estava Hachiko na estação de Shibuya esperando pelo Professor Ueno, para voltarem juntos para casa.
Em 1929, Hachiko contraiu um caso grave de sarna, que quase o matou. Devido aos anos passados nas ruas, ele estava magro e com feridas das brigas com outros cães. Uma de suas orelhas já não se levantava mais, e ele já estava com uma aparência miserável, não parecendo mais com a figura sadia e forte de tempos atrás, podendo até ser confundido com qualquer cão mestiço. Com o passar dos anos, Hachiko envelheceu, tornando-se vulnerável às doenças, uma delas era a dirofilariose, um verme que ataca o coração.
Durante quase dez anos, Hachiko apareceu todas as tardes, às quatro horas, até que em 08 de março de 1934, Hachi que já estava com quase 12 anos, foi encontrado morto no mesmo local, onde passara tantas horas à espera de seu mestre. Sua morte ganhou as páginas dos principais jornais japoneses e muitas pessoas ficaram inconsoláveis com a notícia. Um dia de luto foi declarado.
As contribuições choveram de todo o país para homenagear o cão que conquistou o coração da nação japonesa. Com o dinheiro das doações, contrataram o Escultor para criar uma estátua de bronze de Hachiko para simbolizar a fidelidade e lealdade lendária do cão. Ela foi colocada no local exato onde Hachiko tinha esperado por tanto tempo.
O corpo de Hachiko foi empalhado e está exposto no Museu Nacional da Ciência do Japão em Ueno, Tóquio. Seus restos mortais foram enterrados ao lado do túmulo do seu dono.
Depois de alguns anos, o Japão estava em guerra, e todo o metal disponível era derretido para fazer armas. Nem mesmo a estátua de Hachiko foi poupado. No entanto, depois da guerra, em 1948, Teru Ando, filho do escultor original, esculpiu uma nova estátua de Hachiko, e esse permanece até hoje na estação de Shibuya. Em 2004, uma outra estátua dele foi colocada na frente do Akita Dog Museu em Odate, cidade natal de Hachiko.
A história do Akita Hachiko se tornou tão popular como um símbolo da lealdade, que sua imagem foi usada em diversas propagandas que difundiam o fanatismo nacionalista que levaram o país a Segunda Guerra Mundial e seu exemplo até hoje é ensinado às crianças por pais e educadores nas escolas.
Fontes: