† Parte 1 - Encontro do Capadócio com a Sereia

​Ele não conseguia se mover, seus olhos giravam em espiral. Era a primeira vez que seu algoz lhe atacara de forma tão sutil... Suave... Envolvente, deleitosa, carismática... E sedutora. Tentou se mover ao perceber o ledo engano do qual estivera envolvido, Moveu o braço mas seu corpo não obedecia, distorcido lutava consigo mesmo à uma distância que pudesse tocar o corpo daquela criatura e usar o Rigor Mortis para paralisar suas cordas vocais para que enfim o som aveludado de sua voz o libertasse. Mas não, era inútil, nada... Nada era tão avassalador, intenso e mortal quanto aquela agulha escarlate. Seu corpo inteiro doía, mas não era dor de quem sente a carne rasgar-se, mas o coração abrir-se lentamente. As ondas suaves daquela melodia invadiam seus ouvidos. Sob efeito do encantamento ele não mais podia se mover, A não ser entregar-se para que a viúva negra o envolvesse em suas teias. Em transe, ele ficou ali parado, inerte ouvindo seu canto de morte... Por que ele deixaria se dar por vencido por uma geração mais baixa que a sua? Justamente ele que a tudo resistiu, que tem a morte como sua companheira. Ele fechou os olhos, talvez quisesse morrer de forma mais sublime após séculos de sua não-vida melancólica. Os clarins podiam ser ouvidos por entre as nuvens, ele estava em paz e seu coração repleto de amor e misericórdia... O vampiro se desmaterializou e sua consciência infinita recria a cena que se repete, repete e repete... Sem fim.

(Continua...)

| Parte 1 - Encontro do Capadócio com a Sereia, Luz Cappadocius