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Mundo inferior (Realizada em: 13/08/15)


Japheth Cappadocius, palestra mundo inferior

JaphethCappadocius dá início à palestra...

Bom, como vocês já sabem vou falar um pouco sobre o Mundo Inferior. Peguei como material de referência o livro Aparição o Limbo.

O Mundo Inferior é um lugar tão extraordinário que mesmo para uma aparição, seria difícil descrevê-lo. E, mesmo se o conseguisse, nem mesmo a mais ágil das mentes humanas poderia conceber o inconcebível, salvo através da experiência própria. Imagine, portanto, um mundo baseado não na energia, mas na entropia, onde apenas a negatividade governa as infinitas formas de existência. Essa, é a forma como a ciência descreveria o Mundo Inferior. Se é verdade que o espaço e o tempo, a matéria e a energia, podem ser reduzidas a equações e provadas matematicamente serem uma só coisa, então o Mundo Inferior certamente é o instante final do universo, que se diverte enquanto espera seu próximo compromisso, manifestando-se como um lugar, ao invés de um momento.

As Regiões Sombrias

O Mundo Inferior é inconcebivelmente vasto, maior que um mundo, ele é um Anti-Universo. Tudo o que não faça parte do Universo pertence ao Limbo. Assim como a Terra é apenas uma pequena parte do Universo, existe uma pequena parte do Mundo Inferior que lhe é correspondente. As regiões deste território estranho são as abóbodas do conjunto total das aparições presas por Grilhões e são conhecidas como Regiões Sombrias. As Regiões Sombrias, entrelaçadas com o mundo vivo e material, copiam dele a maior parte de sua forma. Talvez, neste ponto onde o Universo e o Anti-Universo convergem, cada um assume alguma coisa da natureza do outro; essas conjecturas filosóficas, contudo, pouco interessam aos que precisam permanecer no

Mundo Inferior. Você já ouviu falar das Regiões Sombrias, mas por outro nome. É nela onde as aparições que não podem passar livremente para o Além concentram-se com maior freqüência, e é daqui que uma aparição pode ver o mundo dos vivos, e talvez falar com os vivos, se ambos tiverem os talentos necessários. Este é o domínio ao qual os médiuns espíritas referem-se ao falar dos Planos Etéreo ou Astral. Muitos acreditam que essa região seja todo o Mundo Inferior, mas estão enganados. Poucas almas viventes suspeitam dos reinos aterrorizantes e dos desertos que repousam além dessas fronteiras. E os poucos que suspeitam deixaram sua razão como pagamento por esse conhecimento. O nome Regiões Sombrias é bastante adequado. Elas prolongam o mundo da carne, mimetizando-o como uma sombra imita seu dono. Salas, casas e mesmo cidades inteiras existem nas

Regiões Sombrias, ocupando o mesmo espaço e dimensões que seus correlatos físicos. Embora elas não sejam cópias exatas de seus originais, são reconhecíveis. Elas são lugares tristes, desprovidos de luz, alegria e qualquer coisa que possa agradar o coração. As Aparições costumam acreditar que o Limbo suga para si as forças negativas do seu mundo vivo, mediante alguma forma de atração magnética, e, tendo feito isso, solidifica essas forças em matéria, com a qual constrói a si mesmo.

Sombra e Substância

Embora as Regiões Sombrias margeiem os reinos dos vivos, a comunhão entre os dois mundos apenas é possível em raras ocasiões. As Almas Inquietas podem observar o mundo vivo, e até mesmo viajar por ele através das Sombras correspondentes mas é muito difícil para um indivíduo conseguir ser visto ou ouvido, e tocar ou mover um material requer um esforço ainda maior. Como é preciso uma força de vontade fantástica para alterar materiais no mundo vivo, os esforços nessa direção costumam ser desajeitados e direcionados imperfeitamente. Muitos casos relatados de fenômenos Poltergeist não passam de aparições que foram frustradas na tentativa de desempenhar alguma tarefa simples. Uma Aparição, move-se através de alguma cena familiar, observando tudo mas incapaz de se comunicar com os seus amigos e entes queridos. E como é horrível para uma

Aparição ver suas lágrimas caírem através das mãos e dos rostos dos seus entes queridos, a quem tenta abraçar com dedos de névoa! Com o tempo uma Aparição pode aprender a disciplina necessária para tocar, mas o processo é árduo e doloroso. Seria mais fácil, enquanto era vivo, atravessar um oceano a nado do que fazer algo tão trivial quanto folhear um livro.

Lugares Assombrados e Nulidades

Contudo, existem alguns lugares onde a interação entre os dois mundos é menos árdua. Assim como os vivos são atraídos para certos lugares de seu mundo, cidades luminosas, grandes montanhas e spas da moda, também os mortos reúnem-se em determinadas áreas, que são conhecidas, em lingua-mortun, como Lugares Assombrados. Esses lugares retêm tão fortemente a substância da morte que eles começam a moldar suas contrapartes vivas ao invés de serem moldados por elas. Um local vivo que corresponda a um Lugar Assombrado é possuído por uma aura de medo e tristeza tão poderosa que as almas vivas mais sensitivas podem dizer, com total segurança, que ali trafegam aparições. Vez por outra, a Mortalha entre os Mundos é rompida em algum ponto nesses lugares, o que permite que os mortos manifestem-se ali para sentidos vivos. Esses são os lugares assombrados, para quem tem a esperança de conversar com os mortos e aprender com eles os segredos da Eternidade. Se um Lugar Assombrado é um lugar onde o diafragma que separa a vida e a morte é esticado, tornando-se mais fino, então uma Nulidade é um buraquinho no véu, através do qual imagens, sons e às vezes outras coisas podem passar sem obstrução. As Nulidades são furos no tecido da realidade, poços ligados diretamente às profundezas da Tempestade. A Entropia é sugada através de uma Nulidade pela influência do Limbo exatamente como a água é sugada pela gravidade através do buraco de um regador de plantas. As Nulidades são as cavernas das quais nenhum explorador retorna, e a fonte das visões das profetisas. As Nulidades abundam em mistérios terríveis e eventos inexplicáveis, especialmente no que concerne a coisas que aparecem e somem. Tenha medo delas, porque são portas para os dois lados e adentrá-las é tão ruim quanto confrontar o que delas emerge.

Cidadelas e Necrópole

A forma e a configuração do mundo dos mortos não depende apenas da terra dos vivos. Na verdade, existem muitos casos em que o inverso ocorre, e um deles é a Necrópole, a cidade dos mortos. Em muitos aspectos, os mortos mantêm inalterados seus hábitos como seres vivos. Eles vivem próximos uns aos outros, procurando segurança em números e na proteção de indivíduos mais fortes. Suas vilas e cidades sobrepõem-se às cidades dos vivos em praticamente todos os casos, porque os vivos são a fonte de sua riqueza e sustento. A Necrópole mantém uma grande semelhança com a cidade mortal cujo espaço ocupa, mas também exerce sua própria influência. Para um ser humano normal que já esteve nas ruas e nos becos fétidos das regiões mais decadentes de uma cidade já deve ter sentido sem causa aparente um medo profundo. Um medo como se estivesse numa capela mortuária ou numa ruína assombrada. Nesses momentos a pessoa estaria adentrando as sombras que a Necrópole projeta na Terra. Nesses lugares, a presença dos mortos é quase tangível, e o mundo dos mortos molda a realidade terrestre à sua imagem e semelhança. Numa Necrópole pode haver muitos Lugares Assombrados, mas todos têm em comum a semelhança das ruas de um bairro miserável. Acima de todas está a Cidadela, a acronecrópole onde reinam os Anacreontes da Hierarquia, que governam em nome dos Senhores Mortais. Esta, contudo, não é uma regra geral: umas poucas Necrópoles ostentam as bandeiras dos Renegados ou dos Hereges, mas a maioria é regida com punho de ferro pela Hierarquia. As exceções geralmente diferem apenas nas cores de suas bandeiras.

A Tempestade

A Tempestade constitui a maior parte do Mundo Inferior, e é muito mais temida. Apenas o desejo de uma Aparição em pôr um fim a sua existência sombria a levaria a se submeter à sua fúria. Uma loucura, que mesmo com a recompensa da Transcendência não seria suficiente para fazer uma Aparição superar o medo. Apesar dos rigores da Tempestade, ela é habitada. Os motivos desses seres não podem ser entendidos por uma mente racional, mas talvez seus espíritos conturbados encontrem uma harmonia com as vastidões caóticas da Tempestade. Os Espectros, como os habitantes da Tempestade são conhecidos, mantêem-se em estado constante de medo e assombro. Eles são fortes, para sobreviverem ao ambiente que escolheram, e podem derrotar com facilidade os pobres espíritos que reinam em lugares menos perigosos.

Ademais, tendo se acostumado ao seu ambiente infernal, essas criaturas são completamente insanas, sendo impossível prever suas ações. As formas dessas criaturas são variadas e terríveis, mas o corpus de nenhuma delas, por mais horripilante que seja, faz juz à sua natureza interior. Ainda piores que os habitantes da Tempestade são os grandes Turbilhões que ela produz. Ondas gigantescas no mar envolto pela Tempestade, os Turbilhões ocasionalmente varrem as Regiões Sombrias, deixando um rastro de loucura e desastre. Reinos inteiros podem ser varridos pelos Turbilhões, e mesmo o mundo vivo sofre catástrofes estranhas e de enormes proporções quando elas aparecem. A destruição de Atlântida e de Pompéia e, segundo alguns, até mesmo o Dilúvio, foram meros reflexos dos Turbilhões. Contudo, existem vários Atalhos através da Tempestade, como as estradas que penetram as florestas dos Balcãs. Esses Atalhos podem ser percorridos com maior segurança que a Tempestade, mas isso é tudo que pode ser dito ao seu favor. Como as estradas do mundo vivo, eles são assolados por bandoleiros que atacam os viajantes incautos. Também não é incomum que as feras da floresta saiam para a estrada, e essas criaturas não são só lobos e ursos gentis do mundo vivo. Elas não recuam ao estalar de um chicote ou ao disparo de uma pistola, e de nada adianta abandonar um ou dois cavalos para saciar-lhes a fome. Viajar por esses Atalhos é muito arriscado, devendo ser feito apenas em casos de absoluta necessidade.

As Praias Distantes

Para algumas aparições, as praias distantes parecem misturar lenda e realidade. As Praias Distantes lembram as lendas terrestres do Paraíso, porque sua natureza conjuga muita crença com poucos fatos. Contudo, as Praias Distantes pertencem ao conhecimento geral dos mortos. É dito que existem muitos reinos, flutuando como ilhas no oceano turbulento da Tempestade. Aquelas que compartilham o título de Praias Distantes merecem ser mencionadas, devido à crença generalizada de que elas sejam a Vida Depois da Morte, conforme ensinado pelas autoridades religiosas. Aparentemente, na Tempestade se encontram todos os paraísos prometidos por cada crença humana. Ali também podem ser encontrados todos os infernos e céus, de cada raça e credo. Há quem chegue mesmo a afirmar que esses reinos são criados e sustentados pela crença das almas que os procuram, e por nenhuma outra força.

Estígia

De todos os reinos do Mundo Inferior, o maior de todos é Estígia. Fundada, de acordo com a tradição, pelo próprio Charon, ela é o trono dos Senhores Mortais, e seu poder avulta-se sobre o mundo dos mortos como a antiga Roma fez um dia com a Europa. Os Atalhos mais numerosos e seguros através da Tempestade são aqueles que conduzem o viajante aos portais de Estígia, porque eles são mais trafegados e melhor conservados. Cercando o Reino de Estígia está o Mar das Almas, um miasma vasto e terrível que rivaliza com as visões de pesadelo de Bosch. Afinal, ele é realmente um mar de almas, uma visão horrível e patética, mas uma sólida defesa contra a Tempestade. Para além do Mar das Almas estão as muralhas de Estígia, que ninguém atravessa voluntariamente. Como tudo na cidade, desde o desaparecimento de Charon, o posto avançado não serve mais ao seu propósito original, tendo sido transformado numa prisão. Os Senhores Mortais mantêm várias almas cativas, cuja presença sustenta e fortalece o reino, e alimenta o poder e a ambição de seus detestáveis carcereiros. Dizem que não há esperança para aqueles que passam pelos seus portões, a não ser que ocupem níveis elevados na Hierarquia. Apenas os Barqueiros entram imunemente em Estígia, e mesmo eles são cautelosos.

Fonte: (Livro: Aparição o Limbo)

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