O Mosteiro do Diabo
Na Espanha, em Sevilha na localidade de Carmona, foi construído o Mosteiro da Horta dos Frades no século XVI, no ano de 1620, para albergar a ordem dos monges franciscano-dominicanos e era dedicado ao internato e à iniciação dos mesmos, ganhou a sua má fama na segunda metade desse mesmo século, no ano de 1680. Esse mosteiro causa arrepios e mal estar a muitas pessoas, a sua história de contornos tenebrosos e misteriosos levou a população a apelidá-lo de Mosteiro do Diabo ou de Mosteiro Maldito.
Pouco se sabe acerca deste local, a não ser por dois únicos documentos que sobreviveram ao passar dos anos, um nos fala de uma doação, em forma de alimentos, que a Junta de Governo fez para evitar que os monges morressem de fome; o segundo dos documentos pode ser encontrado no arquivo histórico da Junta da cidade de Carmona, parece haver uma vontade de esconder ou até mesmo esquecer a existência do velho mosteiro, hoje em completa ruína.
Mas o que aconteceu dentro daquelas paredes que levam as pessoas a comentar a visão de coisas estranhas sempre que visitam o local? Desde a visão de luzes que percorrem as galerias, arrepios sentidos e inexplicáveis pela maioria das pessoas que visitam o local e até a descoberta macabra de restos de rituais de magia negra ali realizada.
O sucedido neste mosteiro é relatado pelo monge Juan Rodrigo Perea, que foi à data o único sobrevivente de um horrível massacre ali ocorrido. Capturado e acusado do assassinato dos seus companheiros, eis o que este relatou ao escrivão José Díaz de Alarcón, e aos alcaides e população de Carmona.
(…) “Eu, senhores, não sei como ocorreu: na manhã do dia 2 de novembro do ano acima referido, quando despertei, não encontrei a porta de minha cela aberta como era o costume (pois como os senhores sabem, todas as noites nos põem chaves e ferrolhos) e, crendo que ainda era muito cedo, entreguei-me a profundas meditações. Depois de esperar um pouquinho, senti por fim uns passos débeis que provinham do corredor e que morriam na porta da minha cela. A porta, de um suave golpe, pôs-se aberta; mas qual não foi a minha surpresa quando pude me certificar que atrás desta não havia nada… Então foi quando pensei que talvez a primeira missa já houvesse começado, e eu ficara mortificado, a dormir; mas, ao ver que as portas das celas de meus companheiros estavam abertas de par a par, fiquei pensativo por um momento, até sair a correr em direção à capela. Quando lá cheguei, não vi ninguém; e entrou-me um calor desde a garganta até o peito quando ouvi uns lamentos a meia voz que, ao que parece, provinham da cozinha que estava ao lado da capela… Quando cheguei à cozinha, os queixumes eram ouvidos mais fortes dentro de mim, o que me fez pensar que era eu mesmo quem os produzia. Mas prontamente percebi que o lugar de sua procedência era a cave, e, sem poder evitar, vi-me, não sei como, descendo suas íngremes escadas. E maldito seja, maldito seja, senhores, o momento em que entrei naquele cômodo, pois, ao fazê-lo, deparei-me com o Prior e os outros monges dependurados nos ganchos que usamos para pendurar porcos, carnes e chouriços. Eu, senhores, ao ver aquele quadro infernal e sangrento, comecei a vislumbrar uns seres pequenos que, apinhados ao redor dos cadáveres, comiam as suas carnes. Naquele momento senti um desmaio passageiro e pude ver senhores, que os seres dos quais acabei de falar fundiram-se num ente só, de repugnante aspecto. Olhando para mim, disse-me as seguintes palavras: ´Deixei-o viver para que anuncie a minha vinda ao mundo’. Então, um incêndio começou a alastrar pela cave… Não pude mover um músculo sequer para fugir e, quando o fiz, a mesma voz, a que me referi anteriormente, voltou a dizer: ´Vá e diga que Satanás está aqui’.”
O relato deste monge sobrevivente poderá ser antes um logro? Uma tentativa de um demente assassino em ocultar o seu crime hediondo? Inventando assim à luz da época uma história de demônios e bestas infernais para assustar a população e sair em liberdade? Ou teria de fato acontecido algo paranormal naquele local que até aos dias de hoje não existe visitante que não refira algum sentimento mais pesado ao visitar o mosteiro.
Isto é só uma parte desse aterrorizante documento que fala de demônios, de seres estranhos e de terríveis assassinatos ocorridos no interior do edifício. Outra parte interessante desse documento é o que relata o alcaide Alonso Sans de Heredia. Em seu relato fala acerca do momento do sepultamento dos monges assassinados e alude a um fato insólito e, ao menos, assustador. Conta que no momento do sepultamento, realizado nos terrenos da cave, e, diante de muitos compatrícios de Carmona, foi testemunha de “um fenômeno sobrenatural”. Tal consistiu no obscurecimento do céu e, em meio a colunas de fogo, a visão de um rosto horrível que tinha a forma de um animal nocivo. Mais tarde, num raio fulminante, desceu uma luz branca e, sob esta, um ser de forma mais humana. Comenta que todo mundo saiu apavorado.
Outro momento estranho desse mesmo relato é a de uma tentativa de exorcismo por parte do povo, da qual derivou muito mais vítimas pelas mãos do próprio demônio.
Depois deste incidente o mosteiro foi abandonado e deixado cair na ruína, o chão foi salgado e durante dois anos missas e procissões tiveram lugar na localidade de Carmona. Hoje em dia, alguns investigadores do paranormal afirmam que chegaram a relatar a mudança drástica na leitura de alguns aparelhos de temperatura que chegou a registar valores de -15º graus junto ao altar!
Será obra de uma força demoníaca ou de um homem demente? O certo é que ali no velho mosteiro de Carmona vários homens perderam a vida, de uma forma horrorosa e que ainda é um mistério diante da população da cidade.
O Medo durante a reportagem no Mosteiro Maldito. Assista o vídeo abaixo.