Clã Capadócio, O Clã da Morte

  A morte surpreendeu-me três vezes. Na primeira ela veio disfarçada, camuflada. Eu era muito jovem, a vida era doce e inocente e os cuidados que me rodeavam ampararam a minha perda e só mais tarde, eu entendi o que ela me roubou. A segunda vez foi brutal, eu pressenti-a mas não pude impedi-la. Ela veio implacável, grotesca, gelada, disfarçada em águas profundas e escuridão, e eu odiei o mundo e todos os que respiravam nele. Na terceira, ela veio mundana, vulgar, um acidente inesperado e fútil. E eu insurgi-me, e não deixei que ela me levasse ao abismo. E assim, ela veio ter comigo, encantadora, na sua face de mistério e conhecimento. E eu segui esse caminho, por vontade.

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  Agora ela é a minha aliada, faz parte de mim e eu dela. E essa morte que aterroriza e domina os homens, que os subjuga e seduz e a quem eles tantas vezes tentam ludibriar em vão, essa, eu conheci-a, na noite em que me deram as boas vindas ao túmulo. E quem me conhecer, vai conhecê-la, pois eu saboreei a morte e regressei. Hoje sei que as possibilidades são infinitas, e apesar do preço a pagar, talvez... sim, talvez tudo faça parte de um plano maior. Por vezes olho para eles, para essas frágeis criaturas humanas e observo as suas lutas, as suas miseráveis vidas e os seus inúteis sonhos de poder, mas de tempos a tempos um fulgor neles surpreende-me, e não sem angústia, reconheço um pequeno brilho da Chama que nos transcende a todos. Sim, até a nós… Mas o meu caminho está traçado, e eu escolhi a noite, o reverso da moeda, a escuridão!